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Mentoria: por que você deve fazer? Como encontrar um mentor?

Desde a Grécia Antiga, e talvez ainda antes disso, as pessoas buscam umas às outras para aprender e ensinar. A mentoria está impregnada na história humana através de figuras clássicas como Platão e Sócrates, Jesus e seus apóstolos e Freud e Jung; já na ficção, Dumbledore e Harry Potter, Gandalf e Frodo, até mesmo Heisenberg e Pinkman, de Breaking Bad, são grandes exemplos de mentores e aprendizes.

Você certamente já teve mentores. Pode ter sido um professor – o mentor mais óbvio -, pode ter sido um amigo, pode ter sido até aquele primo que te deu vários conselhos bacanas em determinado período da sua vida. 

Nossa vida é um caminho tortuoso e desconhecido, e muitas vezes precisaremos de ajuda para atravessá-lo. Esse é o papel do mentor. 

Mas é importante que você saiba escolher – deliberadamente – seus mentores e o foco de sua mentoria, para que essa troca seja uma curva crescente na sua vida. Embora, sim, você esbarre em alguns mentores ao longo da sua jornada, se você quiser tirar o melhor de cada oportunidade, é preciso ser mais consciente e proativo.

Por isso, vamos começar pelo básico: entendendo, de fato, o que é um mentor?

O que é um mentor

O termo tem sua origem na “Odisseia”, de Homero: Mentor era amigo de Odisseu (Ulisses), que, ao partir para a Guerra de Tróia, deixou Mentor como guardião de seu filho, Telêmaco. Ele ficou responsável por educar o garoto, até que Ulisses retornasse – daí sua associação com o termo tutoria

Já o substantivo “mentor”, no dicionário, é definido como:

Mentor, s.m.

1. Pessoa que, pela sua sabedoria ou experiência, ajuda outra como guia ou conselheiro.

2. Pessoa que inspira outras.

Repare, portanto, que a mentoria não se resumiria a um ambiente estritamente educacional, como muitos acreditam devido à cultura dos preceptores (tutores de crianças de famílias ricas, muito comum até o século XX) ou dos instrutores. 

Repare, também, que o termo é amplo o suficiente para que qualquer um possa ser um mentor, ou ter um mentor. Por isso, é necessário senso crítico na hora de buscar ativamente a mentoria, a fim de que ela de fato tenha os resultados positivos que você espera, te ajudando a evoluir conforme suas metas e os desafios enfrentados.

Eu gosto de dividir em dois tipos de mentores, portanto:

  • Mentor indireto – é aquela pessoa que te inspira, te aconselha, te ajuda a evoluir sem que você busque essa mentoria ativa ou pessoalmente. Aqui, podemos englobar as figuras que admiramos, como artistas, empreendedores, líderes mundiais etc. Exemplo: conheço investidores profissionais que possuem o Warren Buffett como mentor (indireto) porque já leram tudo que ele escreveu, porém nunca estiveram pessoalmente com ele 
  • Mentor direto – é aquela pessoa cuja sabedoria você busca ativa e pessoalmente, isto é, você já parte do princípio de querer aprender algo com ela. Aqui, temos os professores, gestores, colegas de trabalho, monitores etc.

Ambos podem te ensinar muito, mas, naturalmente, quanto mais próxima e individualizada for a mentoria, melhor. Por isso, recomendo não se contentar só com mentores indiretos – vá atrás de mentores que possam te ajudar com seus desafios pessoais, e não só aqueles mais genéricos. Estes, inevitavelmente, terão de ser mentores diretos. 😉

Por que fazer mentoria

Muitas vezes, ao longo da minha própria jornada, em me deparei com “ruas sem saída”. Seja nos negócios ou na vida pessoal, é desesperador. Às vezes você sabe exatamente o que quer e aonde quer chegar, mas não faz a menor ideia de qual caminho seguir. Ou às vezes você sequer sabe aonde pode chegar com tudo o que tem e não consegue nem dar o primeiro passo rumo ao seus sonhos e ao seu propósito.

O que você faz?

Voltando à Grécia, você conhece a história do Labirinto de Creta e de como Teseu venceu o Minotauro?

O Labirinto de Creta foi construído pelo brilhante arquiteto Dédalo a pedido do Rei Minos, com o intuito de prender o Minotauro, personagem mitológico com corpo humano e cabeça de touro. Nessa época, como tributo ao rei de Creta, a cidade de Atenas era obrigada a oferecer 7 rapazes e 7 moças para alimentar o Minotauro, periodicamente. 

As 14 vítimas eram atiradas no labirinto e até podiam tentar sair, mas ninguém nunca conseguiu, muitas vezes morrendo para o labirinto antes mesmo de se depararem com o Minotauro.

Até que um dia Teseu, filho do rei de Atenas, Egeu, se ofereceu como uma das vítimas para poder derrotar o Minotauro. Quando chegaram a Creta, Teseu conheceu Ariadne, filha do Rei Minos, que o presenteou com um novelo de linha para que Teseu demarcasse o caminho percorrido no labirinto e, após derrotar, o monstro, conseguisse sair.

Muitos mais do que a derrota do monstro, a história de Teseu e o Minotauro é marcada pela inventividade de sua fuga do labirinto.

E é justamente esse o grande atributo de um mentor: te dar o novelo de linha que vai te ajudar a escapar de seus labirintos pessoais!

Você não precisa superar todos os seus desafios sozinho, e vai bater bem menos cabeça com um mentor ao seu lado. Te garanto!

Como fazer mentoria: um passo a passo

Antes da mentoria

Passo 1: identificando suas necessidades

Quais são seus desafios pessoais e profissionais? Qual é o seu labirinto? Por que você não está conseguindo sair dele? Quais habilidades você quer desenvolver? Qual é o seu propósito? Quais são suas metas a curto, médio e longo prazo? Quais características você sente que te faltam para alcançar esses objetivos? 

O primeiro passo é mapear suas necessidades e o porquê de você estar buscando uma mentoria. Suas expectativas devem ser muito claras para não haver frustrações – da sua parte ou do mentor. 

Afinal, vocês precisam partir de um lugar-comum: preciso de ajuda com X; eu tenho Y e você tem Z – como chegamos, juntos, até X?

Passo 2: escolhendo o seu mentor

O primeiro passo é identificar a pessoa que você gostaria de ter como mentor baseado no seu propósito de vida e nos seus objetivos pessoais e profissionais. Mas tenha em mente que a mentoria é sempre uma via de mão dupla. É preciso que mentor e mentorado estejam igualmente envolvidos um com o outro.

A melhor forma de escolher um mentor, portanto, é escolhendo uma pessoa que tem uma característica, uma habilidade que você admira ou que tenha passado por uma experiência similar àquela que você quer desenvolver e que, por outro lado, você possa complementar com suas próprias habilidades, características e experiências.

Isso não significa que se você precisa de um mentor para vendas, por exemplo, você deve se forçar a ensinar alguma coisa que ele não saiba, ou que ele não precise, só para equalizarem a troca. Não encare a mentoria apenas pelo viés do conhecimento técnico.

Um mentor pode se beneficiar muito da sua companhia simplesmente porque você está em um ramo que ele desconhece – e que, naturalmente, passará a conhecer graças à troca contigo; um mentor mais velho, por exemplo, pode aprender muito mentorando alguém 10, 15, 20 anos mais novo; já um mentor que não tem o hábito de ler ficção frequentemente pode aprender com você, um aficionado por literatura fantástica, bastante coisa sobre storytelling.

Existe até o conceito da mentoria reversa, que significa que uma pessoa teoricamente menos experiente e mais jovem é escolhida para mentorar alguém mais experiente. Exemplo: imagine um presidente de uma grande corporação que você conhece recebendo aulas de TikTok de seu filho de 14 anos =)

O importante é que, para encontrar um mentor interessado em você, você também seja interessado na pessoa e se disponha a ajudá-la em alguma necessidade que essa pessoa tenha, ainda que subjetivamente. 

Uma alternativa é recorrer a uma ponte que facilite essa conexão – como instituições em comum. Eu, por exemplo, sou Empreendedor apoiado pela Endeavor, então muitos dos meus mentores e muitas das pessoas que eu mentorei são de lá também.

Você pode buscar mentores na sua faculdade, em um curso que você frequenta, no seu ambiente de trabalho ou até em um local que você costuma frequentar – a biblioteca, o clube, que seja. Muito provavelmente, se vocês passam o tempo no mesmo lugar, algum interesse em comum existe, então não descarte essa possibilidade!

Durante a mentoria

Passo 3: estruturando a mentoria

Uma mentoria não é um bate-papo de almoço ou um café na padaria. Isso até pode ocorrer antes ou depois, mas a mentoria, em si, precisa ser objetiva.

Determinem, junto, um tempo de duração e frequência para a mentoria. Pode ser 1 hora, 2 horas, enfim, o que couber na agenda de ambos, mas é imprescindível que os encontros sejam espaçados – até para que você tenha tempo de aplicar seus aprendizados e colher insights para o encontro seguinte. Eu, geralmente, recomendo um almoço de 1 hora ou 1 hora e meia por mês com o seu mentor. 

Na primeira mentoria, não se esqueça de se apresentar, contar um pouco da sua história, dos seus desafios e de pedir para que o mentor faça o mesmo. Em seguida, e ao longo de todos os demais encontros, exponha seus desafios mais específicos, ouça atentamente, anote tudo o que for relevante e, sobretudo, tire quaisquer dúvidas que surgirem ao longo da conversa.

Ao fim, resuma seus aprendizados e peça para que estabeleçam, juntos, os próximos passos. Respeite o tempo da mentoria. Isso fará com que ela seja mais efetiva.

Após a mentoria

Passo 4: avaliando seus aprendizados

Chegaram ao fim do período acordado para a mentoria? Então agora é hora de avaliar o que você aprendeu de forma prática.

O que mudou do encontro 1 para o encontro 5, por exemplo? Como você lidou com os desafios que surgiram? Surgiram novos desafios? Você sente que deu um passo à frente rumo aos seus objetivos? Ou percebeu que precisava, na verdade, dar um passo atrás? Que mudanças efetivas você observou em você e no seu dia a dia ao longo desses 5 encontros?

Você está satisfeito? Se sim, por quê? Se não, por quê? Destaque os pontos positivos e negativos. Que feedback você daria para o seu mentor? Peça feedbacks também! E, se sentir a necessidade de estender a mentoria, veja o que pode ser acordado.

Sobretudo, independentemente do resultado, agradeça ao seu mentor pela disposição e por toda a troca ao longo da mentoria.

Passo 5: fazendo follow up

Não é porque a mentoria acabou que vocês não vão continuar trocando conhecimento. Periodicamente, vale fazer um follow up com seu mentor, seja para contar as novidades ou saber o que ele anda fazendo!

A troca entre um mentor e um mentorado é uma das mais valiosas que existem. Muito mais do que conselheiros, vocês podem se descobrir grandes parceiros em suas jornadas particulares e esse é o tipo de relação no qual vale a pena investir.

Enquanto você puder aprender, aprenda! E se puder ensinar, ensine!

Não há nada mais gratificante para um mentor do que virar aprendiz. 😉

O mentor ideal existe?

Não.

Não existe um mentor com TODAS as características necessárias para te ajudar em todos os aspectos da sua vida. É aquela velha história de “ninguém é bom em tudo”, sempre vai faltar uma coisa ou outra. E isso, na verdade, é ótimo, pois é por isso que nós, seres humanos, somos seres sociais e complementares.

Logo, não adianta você querer encontrar um mentor que vai saber solucionar todas as dores. Você deve ter vários mentores, para vários momentos/desafios da sua vida.

Se possível, eu recomendo buscar um mentor para cada habilidade específica que você quer desenvolver. Assim, os ensinamentos vão se complementar, e você também estará trabalhando seu networking e desenvolvendo – por que não? – sua própria capacidade de mentoria.

Além disso, vale lembrar que as mentorias podem variar entre si. Se com um mentor você investe 1 hora por semana, porque é o suficiente, com outro você pode preferir investir 2 ou 3 horas, dependendo do seu objetivo e da priorização das suas necessidades. 

Não é uma ciência exata. Você vai sentindo com o tempo e conforme a sua evolução. Só não deixe a busca pelo mentor ideal virar um boicote e te impedir de dar o próximo passo!

Dicas para uma mentoria eficaz

Agora que você já tem o panorama da mentoria, vamos relembrar o protocolo para uma mentoria eficaz?

  • Pré-mentoria = mentor e mentorado devem ler 1 página sobre o desafio enfrentado. O ideal é que você (mentorado) prepare esse documento antes da primeira mentoria
  • Durante a mentoria = divida o encontro em 3 partes:
    • Início – apresentações das pessoas e do desafio
    • Meio – falar e principalmente ouvir, anotar, tirar dúvidas
    • Fim – respeitar o tempo, resumir os aprendizados, combinar os próximos passos, agradecer
  • Pós-mentoria = avaliar a mentoria, follow up de 2 em 2 meses

Ah, e uma observação importante: mentores gostam de saber que seus mentorados estão fazendo e como estão aplicando os aprendizados, então não foque apenas nos seus problemas durante a mentoria, hein?

Vou te contar um segredo: sempre quando eu dou uma mentoria, eu aprendo tanto quanto meus mentorados, pois para responder bem às perguntas deles, eu preciso me assegurar de estar preparado! =)

Tenho certeza de que essa vai ser uma das trocas mais importantes da sua vida e desejo todo o sucesso na sua busca por uma mentoria!

Caso tenha dúvidas, estou à disposição!

Se quiser saber mais sobre o assunto, no meu Instagram @vabo23 estou sempre compartilhando os passos mais importantes da minha jornada e trocando ideias sobre people skills, liderança, empreendedorismo e a vida, em geral 🙂

Segue lá e me manda seus desafios por DM que tentarei te ajudar!

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7 comentários em “Mentoria: por que você deve fazer? Como encontrar um mentor?”

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  7. Concordo com o que foi dito, como um todo. Mas vejo também que o candidato a mentoria deve passar por uma fase de ajustes técnicos com o mentor escolhido, para daí poder obter a maior qualidade de informações possíveis, bem como o apoio técnico para que isso aconteça aqui em termos pessoais e individuais. Especialmente se o candidato considerar esse apoio em termos acadêmicos. Aqui, em geral quem está em melhor posição para ser um mentor é aquele que atingiu o seu climax ou seja, o seu Ph. D.

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