No dia 02 de julho eu participei de uma live junto ao Cristiano Brega no Instagram do Além da Facul (@alemdafacul).
Cris é cofundador e CEO da Confiance, a maior fabricante de equipamentos de videolaparoscopia do Brasil!
Conversamos sobre a jornada empreendedora do Cris junto a seus parceiros e sobre seus principais aprendizados ao longo dos anos. Neste artigo, você encontra os principais pontos do nosso papo.
E, se quiser conferir a live completa, é só dar play no vídeo ao fim do texto!
O Cris é formado em administração e conheceu seu sócio Guarany quando trabalhavam como vendedores em firmas adversárias no setor de instrumentos médicos.
Depois, uniram-se ao Fernando e, assim, Confiance Medical nasceu como um estabelecimento de manutenção e revenda de equipamentos de videolaparoscopia. Anos depois, o Bruno Braga tornou-se sócio da companhia e, em 2007, a empresa se tornou a primeira produtora de equipamentos de videolaparoscopia com tecnologia própria e inovadora do Brasil.
Mas por que empreender?
O Cris me listou três motivos principais pelos quais tomou essa decisão:
- A vontade de fazer algo diferente do que já existia no mercado
- O propósito de fazer a diferença na vida das pessoas
- A percepção de que ele gostaria de realizar o trabalho de acordo com os seus princípios e valores, sem a interferência ou imposição de limites por outras pessoas, como tinha ocorrido em seus empregos anteriores
Entretanto, os motivos que levam um indivíduo a empreender são inúmeros e vão desde conquistar liberdade financeira a fugir da monotonia, paixão pela área ou conceito em que se deseja atuar, ou até mesmo ter a solução para problemas do cotidiano.
Existem alguns artigos aqui no blog em que eu abordo esse tema mais profundamente: você pode entrar meus textos sobre Empreendedorismo aqui!
No caso dos quatro empresários, o dinheiro nunca foi o objetivo final: ele era consequência.
Isso não significa que ele não seja importante: uma empresa que não ganha dinheiro uma hora ou outra vai declarar falência. Entretanto, de acordo com o Cris, caso o ganho monetário seja a única motivação de um empreendedor, existe algo errado na construção da base que sustenta aquele negócio.
Será que quando o caixa não estiver cheio ou quando uma crise inesperada acabar explodindo e afetar economicamente a empresa, os donos estarão motivados a trabalhar com o mesmo empenho de antes?
Você aguenta a porrada?
Como já dizia Rocky Balboa:
A vida não é sobre quão forte você é capaz de bater, mas sobre o quanto você é capaz de apanhar e continuar indo em frente.
No início, Cris e os seus sócios passaram por maus bocados, principalmente por não imaginar o quanto o mercado brasileiro poderia ser conservador e tradicional.
Então, ao mesmo tempo em que sonhavam, tinham brilho nos olhos e raça pra correr atrás daquele sonho, precisavam se reinventar e vencer as dificuldades e crises que surgiam pelo caminho.
Quando perguntei sobre os problemas e percalços que ele e seu time encararam, ele respondeu que poderia listar inúmeros, mas o que realmente importava eram as soluções que tinham encontrado e como se posicionaram diante das situações difíceis, uma vez que os problemas sempre irão existir para toda e qualquer pessoa que abrisse uma empresa.
Empreender é uma montanha russa de emoções. É preciso aprender a conviver com os problemas e procurar desenvolver habilidades interpessoais (ou people skills) como antifragilidade, adaptabilidade, criatividade e resiliência que auxiliem a empresa a passar por esses períodos conturbados que eventualmente irão acontecer.
Durante a nossa conversa, o Cris fez uma analogia super interessante; ele falou que a vida empreendedora é semelhante à fase após o nascimento de filhos – difícil, cansativa, repleta de responsabilidades e incerta em relação ao futuro – mas, quando se tem uma atuação positiva, ela te devolve frutos incríveis e satisfatórios.
Grandes passos: hora de investir no negócio e expandir
O segundo grande passo de inflexão na história da Confiance foi sua transição de empresa de representação regional (em que apenas vendia a mercadoria) para fabricante (quando começou a produzir os materiais que comercializa).
Essa foi a etapa mais difícil na formação da companhia, uma vez que o setor de indústria é extremamente sucateado e desvalorizado aqui em nosso país – para se ter ideia, nesse processo, o faturamento do negócio caiu pela metade.
Entretanto, apesar de todos os desafios, Cris e sua equipe não poderiam ter acertado mais em sua força de vontade de investir e acreditar em sua empresa. Certamente enfrentaram, como a maioria dos empreendedores, obstáculos relacionados a burocracia, impostos, logística e mão de obra; por outro lado, ao darem esse passo, conseguiram uma vantagem competitiva: deixaram de apenas revender e passaram a ser responsáveis pela tecnologia e produção dos equipamentos que tinham a pretensão de expandir o mercado.
E quando tudo começou a dar certo…
Como lidar com as armadilhas do ego e manter os pés no chão?
Cris comentou sobre como sua criação foi importante para que ele não caísse nas armadilhas do ego e como trabalhar com uma equipe com os mesmos valores éticos que ele foi necessário nesse processo.
Em paralelo a isso, precisou enxergar o ego como um inimigo e buscar constantemente combatê-lo, procurando a compreensão de que sempre temos algo a aprender.
Cris chegou a citar a entrada na Endeavor como parte imprescindível em sua jornada de crescimento e amadurecimento como empreendedor, uma vez que o contato com tantas pessoas nos coloca em um lugar de reflexão.
Afinal entender que não sabemos de tudo é o primeiro passo para nos tornarmos mais sábios.
A Endeavor é a maior rede de empreendedores do mundo e sua proposta principal é conectar empreendedores de alto potencial com mentores, o que mais uma vez reforça a importância de nos cercarmos de pessoas que despertem nosso melhor!
E depois do sucesso, os problemas acabam?
Problemas sempre irão existir, isso é um fato na vida de qualquer empreendedor.
No Brasil, a realidade é ainda mais pulsante. No caso da Confiance, mesmo após ter sido considerada bem-sucedida pelo mercado, crises continuaram afetando a empresa, como aconteceu em 2015, quando, diante do cenário vigente na época, o governo diminuiu substancialmente as compras de aparelhos.
Naquele período, a firma era fortemente centrada em compras públicas. De alguma maneira, segundo o Cris, a equipe demorou a entender os efeitos da crise, até que eles precisaram demitir pessoas.
Nesse momento, foram obrigados a se reinventar, entenderam que vender apenas para o setor público era uma deficiência, uma vez que quando esse mercado não pudesse comprar a mercadoria que eles ofertavam, a Confiance estaria em desfalque e teria grandes prejuízos, pois não conseguiria atingir suas metas.
Foi assim que eles partiram para o setor privado, aprenderam com a crise, foram resilientes e saíram mais fortes daquele ciclo!
Lazarow chama de startups “camelos” empresas semelhantes a camelos, porque eles se adaptam, sobrevivem sem comida e sem água por longos períodos, passam frio e calor e mais importante: resistem.
A Confiance resistiu a muitas crises ao longo dos anos e saiu mais forte de todas elas.
É assim como essa gigante do quadro empresarial brasileiro que também devem ser os empreendedores. É preciso resistir apesar de todas as dificuldades e desafios que possam – e vão – surgir.
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No meu Instagram @vabo23 estou sempre compartilhando os passos mais importantes da minha jornada e trocando ideias sobre people skills, liderança, empreendedorismo e a vida, em geral.
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Quer conferir a live completa com o Cristiano Brega? Confira abaixo!
Vabo, muito obrigado por escrever a nossa trajetória de forma tão brilhante. Nem eu escreveria tão bem a minha própria história.