Neste artigo, eu gostaria de falar um pouco sobre erros no Empreendedorismo, e como esses mecanismos inerentes a nossa formação, quando vistos pela perspectiva correta, podem nos impulsionar em nossas jornadas individuais.
É muito curioso como na nossa sociedade é condenável errar. Desde a escola somos condicionados a abominar qualquer nota fora da média ou colocação considerada inapropriada durante as aulas que participamos, já percebeu?
Mas quando pensamos em inovar e empreender em um mundo complexo e incerto como o que vivemos, é preciso experimentar e se submeter a testes. Nesse processo, é certo que erros vão acontecer.
O sistema educacional implementado no Brasil ainda é, em minha opinião, falho também por causa disso: ele não recebe bem essas “humanidades”, e isso é visível, por exemplo, quando observamos o atual modelo de vestibular, em que características que fazem um profissional ter sucesso no mercado de trabalho, como disciplina, criatividade e resiliência não são, em sua grande parte, medidas.
Ou seja, somos forçados a ignorar nossas People Skills, quando deveria haver um equilíbrio no desenvolvimento de nossas habilidades técnicas e sócio-comportamentais.
O papel do erro na inovação
“Se você não está errando, é porque está indo devagar demais”
Vabo
O erro é uma oportunidade que temos de aprender.
A grande questão a que devemos estar atentos é tão somente a frequência com que cometemos o mesmo erro.
Cometer erros novos e aprender durante esse processo é algo que diferencia indivíduos e potencializa oportunidades de crescimento.
Como empreendedor, líder e gestor de pessoas, eu errei diversas vezes. Abaixo, listei alguns dos que mais me ensinaram, quando eu estava começando a empreender:
Erro #1: não ser apaixonado pelo problema
Eu comecei a empreender quando meu sócio criou uma empresa de tecnologia do zero e, depois de cinco meses, me convidou para integrar o time.
Na época, a startup precisava de alguém que desenvolvesse o aparato comercial do negócio.
Naquele panorama, nosso erro foi começar por uma solução e não por um problema em si.
O meu parceiro criou um software que percorria a internet monitorando lojas virtuais ao mesmo tempo em que colhia informações para varejistas e fabricantes — e nós erramos quando direcionamos a tecnologia para encontrar algum problema.
No final das contas, o nosso direcionamento foi o de encontrar um problema que pudéssemos resolver, todavia, partimos de uma possível solução, e quando zarpamos do problema, as chances do processo ser bem-sucedido são maiores.
São sinônimos de problemas: necessidade, dor, dilemas, desafios.
Ou seja, é tudo que alguém possa ter/sentir/precisar e que possa ser resolvido por você.
Como corrigi esse erro: tendo um sócio que me completava
Um erro muito comum entre empreendedores é na formação de sociedades: é fundamental encontrar um sócio que tenha as habilidades que você ainda não tem, mas que divida a mesma base moral que você, isto é, vocês precisam ter os mesmos valores.
O Salvini, meu sócio durante a época da Sieve, chegou a quebrar em um de seus negócios por causa dessa questão. Portanto, esteja atento a isso, e saiba que as regras do jogo precisam estar muito bem definidas.
Erro #2: não saber a hora de captar investimentos
Indo para outro paralelo – e falando agora principalmente de empresários que estão no início do negócio – é fundamental estar alerta ao erro de esperar demais (ou de menos) para captar investimentos, quaisquer que eles forem.
Afinal, investimento não é sinônimo de grana.
Sendo assim, alimente sua rede de contatos (networking) com uma variedade de pessoas que possam contriibuir para o seu crescimento de diferentes formas, e utilize-a bem, ainda no início do seu empreendimento.
Naturalmente, entendemos, em dado momento, que precisávamos do dinheiro, mas que aquilo não era o mais importante para a nossa empresa. O essencial era composto por três elementos: mentoria, networking e sinergia.
Nesse cenário, então, defina muito bem os seus investidores, pois essa relação precisa ser pautada em parceria, confiança e muito diálogo. Investidores incompatíveis podem acarretar muitas dores de cabeça para você e para a sua equipe.
Como corrigi esse erro: tendo foco
Tendo isso em mente, cuidado com um elemento chave em qualquer carreira empreendedora de sucesso: o foco.
No momento em que eu e meu time demos um start legal nas vendas e sentimos que estávamos “dando certo”, começamos a querer abraçar o mundo com as mãos.
Foi um gatilho para a vontade de produzir, mais do que já tínhamos, e pensar no que poderíamos produzir com excelência naquele momento.
Porém, quando pensamos em avançar e expandir os horizontes precisamos, em primeira instância, focar e ser excelentes no que já nos propomos a fazer.
Rapidamente, então, depois desse processo ter sido concluído, deve-se acelerar e estender a base para evitar ser vencido pela concorrência.
Erro #3: não atentar para os erros “de dentro”
Esteja atento, de igual modo, aos erros que podem acontecer na cultura organizacional do seu negócio.
Esses são mais comuns em quatro esferas: contratação, avaliação do desempenho, promoção e demissão de pessoas do time.
É importante trabalhar para que a cultura da sua empresa seja de alta performance, dessa forma, procure dar o seu melhor, inclusive na delegação de tarefas e gestão de pessoas: seja o maior modelo para a sua equipe, e lidere pelo exemplo.
Como corrigi esse erro: priorizando os valores da empresa
As pessoas que trabalham na sua empresa precisam estar alinhadas aos valores do seu negócio, nesse quadro, é fundamental que elas sintam vontade de desenvolver aquele empreendimento ao lado do time, e de performar bem entregando bons resultados.
Erro #4: não estar pronto para escalar
A partir de determinado ponto de desenvolvimento do seu negócio, esteja pronto para escaladas de crescimento inesperadas!
A Sieve só tinha clientes pequenos e médios até certo ponto, mas quando conquistamos nosso primeiro grande negócio, pouco tempo depois conseguimos vários outros compradores imponentes, e isso quase quebrou nossa então startup, uma vez que, na época, não tínhamos os processos necessários para gerenciar a quantidade e complexidade de trabalho necessário.
Como corrigi esse erro: investindo em pessoas
Contratamos pessoas qualificadas, mapeamos os procedimentos e automatizamos itens que julgamos precisos, e assim conseguimos sair daquela crise.
Nosso segundo erro, entretanto, naquele momento, foi o de manter o dedo no “botão da crise” por tempo demais. Isso pode prejudicar o time, e te fazer perder talentos importantes, então, saiba quando desacelerar.
Erro #5: ter “medo” da concorrência
Partindo para outro aspecto suscetível ao erro: cuidado ao lidar com a concorrência.
Em primeiro lugar saiba que se o seu negócio estiver dando certo, é bem provável que alguém te copie, é natural.
À vista disso, então, não dê tanta atenção a esses fatores: você só vai gastar a energia que deveria investir no seu negócio, no seu time e nos seus clientes.
Como corrigi esse erro: cuidando do ego
Seja cauteloso com o ego: esse bichinho verde que parece ser inofensivo pode atrapalhar muito seu processo de desenvolvimento pessoal, e te impedir de chegar a lugares maravilhosos sem que você perceba.
Crescer, contratar pessoas e ter seu trabalho reconhecido em capas de revistas são ótimos indicadores, mas lembre-se de gerenciar seu ego, e não deixar que ele tire a sua humildade. Sempre vai existir algo fantástico para aprender, isso é fato.
Vamos errar?
“Uma pessoa que nunca cometeu erros nunca tentou algo novo”
Albert Einstein
Todos nós tememos errar, mas erros certamente vão acontecer independentemente da nossa vontade.
A questão é: o que podemos fazer com isso? Que tal abraçá-los e aprender com eles a partir de agora?
Vamos errar! E vamos aprender no processo 🙂
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