No dia 24 de agosto, fui convidado pelo Nota Preta para um podcast onde falamos sobre algo muito questionado atualmente: afinal, fazer faculdade é importante?
E a resposta é “sim, mas depende”.
Empreendedor precisa de faculdade?
Não adianta fazer qualquer faculdade, só para ter o diploma.
A Link School of Business é um projeto que iniciei com alguns dos meus sócios do Além da Facul (@alemdafacul) e tem como proposta o foco na criação de empresas e formação de empreendedores.
Ela é uma faculdade de administração, possui registro junto ao MEC, nota máxima, padrão, mas traz um diferencial importante para o setor.
Afinal, as faculdades, geralmente, formam profissionais para trabalhar em corporações públicas ou grandes multinacionais, empresas que já estão em outras etapas. O diferencial da Link é formar e capacitar o profissional para administrar desde o momento do início da empresa – isto é, empreender, de fato, iniciar o negócio, falar sobre as principais incertezas e prepará-lo para os desafios do mundo empreendedor.
É preciso aprender o que faz a diferença
A imersão Transformando a Liderança é um projeto que idealizei junto com o Bernardinho, ex-técnico da Seleção Brasileira de Vôlei. Nos conhecemos na PUC Rio e trabalhamos juntos em uma matéria da universidade. Esse foi o embrião para nosso projeto.
Posteriormente, conheci o Ricardo Basaglia, responsável por uma grande consultoria de recrutamento do Brasil – ou seja, um profissional com muita informação humana sobre outros profissionais.
Sentimos que ali havia um time forte voltado para liderança, carreira, people skills e negócios. Com isso, montamos uma imersão de 16 horas, onde falamos sobre o principal fator de vantagem competitiva de qualquer organização: a capacidade de atrair, desenvolver e engajar as pessoas.
É um projeto 100% prático e foi o início de uma jornada em prol de uma Educação mais voltada para as reais necessidades de nossos alunos.
A educação no Brasil para o empreendedor
A realidade hoje é que as faculdades do Brasil seguem um currículo teórico, conceitual acadêmico e muita vezes não se conecta com a vida e carreira profissional. Existe uma cultura de aulas expositivas e matérias técnicas que muitas vezes não serão usadas em nenhuma etapa.
A educação está distante do mundo empresarial, distante da realidade de carreira de grande parte dos alunos, além de não ser a maneira mais prazerosa de aprender e manter o aluno interessado pela forma como o conteúdo é passado – isto é, com aulas majoritariamente expositivas e teóricas.
Além disso, a maioria das habilidades necessárias para um bom desenvolvimento profissional quase não são abordadas na sala de aula.
De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa Michael Page, 91% dos profissionais são contratados por conta das habilidades técnicas, formação acadêmica e experiências. Mas quando ocorrem as demissões, os motivos são na maioria das vezes por falta de habilidades comportamentais.
Como as lacunas educacionais afetam a formação de empreendedores no Brasil?
A educação precisa ser revolucionada. Assuntos importantes como educação financeira e inteligência emocional, por exemplo, precisam ser abordadas muito antes da faculdade.
Mais do que isso, muitas pessoas não completam os estudos básicos no país. E das que finalizam os estudos do Ensino Médio, apenas 10% são capazes de realizar operações básicas de matemática e apenas 30% são capazes de ler e fazer interpretação de texto.
O país precisa priorizar a educação básica como principal vetor de crescimento.
Nesse sentido, acredito que a Link School of Business está sendo um grande aprendizado do método para ensinar aquilo que realmente gera valor.
Como empreendedor, tenho uma visão otimista. Se começarmos agora a plantar as sementes corretas, podemos colher bons frutos em pelo menos três gerações.
Mas, para isso, precisamos de líderes dispostos a lutar contra o corporativismo em diversas esferas. Acredito muito na iniciativa privada, pois está ao nosso alcance. Não podemos aguardar que o governo faça algo para vermos mudanças.
Empreendedorismo no mercado de trabalho
A proposta da Link é que o aluno, desde o primeiro dia de aula, crie sua empresa ou traga para faculdade seu projeto, se já estiver empreendendo.
Serão apenas 100 alunos por semestre. A faculdade vira sócia das empresas dos alunos e eles viram sócios dos colegas e da faculdade, diluindo o risco de empreender. Em breve haverá uma operação de venture capital, várias empresas investidas e apoiadas pela faculdade – ou seja, haverá uma operação acadêmica e outra de Venture Capital.
Escolhemos esse modelo porque o mercado de trabalho vem exigindo que todos sejam empreendedores.
Claro, isso não significa que todos serão empresários. O empreendedorismo é sinônimo de ser protagonista, tomar as rédeas de sua própria vida, intraempreender atuando em grandes corporações. São diversas as opções, e queremos desenvolver essas possibilidades ensinando aos alunos o que, de fato, é ser um empreendedor.
Qual conselho o Vabo de hoje daria para a versão de quando estava começando a empreender?
Nunca abra mão de sua saúde física e sua saúde mental. A vida de empreendedor em vários momentos vai te levando a abrir mão de várias dessas coisas, e precisamos sempre nos cuidar com alimentação, descanso, esporte com limites bem claros.
Ser um empreendedor é ser um eterno “work in progress”
Não existe fracasso e sim conquistas, vitórias ou aprendizados.
O fracasso só é real se você não extrair um aprendizado dos acontecimentos da sua vida. Os erros servem como fonte de inspiração. Os momentos em que mais crescemos e evoluímos são na dor, nas dificuldades. Quando estamos nas trincheiras, sob pressão.
As pessoas que têm mais sucesso e felicidade a longo prazo, segundo pesquisa realizada pela Carol Dweck, são aquelas que acreditam e que são capazes de melhorar em qualquer aspecto da vida. Aquelas que tem mentalidade de crescimento.
Finalizo com a frase de Alvin Toffler sobre adaptabilidade:
“Os analfabetos do futuro não serão mais aqueles que não sabem ler ou escrever, serão aqueles que não possuem a capacidade de aprender rápido, desaprender o que não for mais necessário para poder reaprender aquilo que for fundamental.”
Pense se você está sendo resistente a mudanças ou se está tentando se adaptar a elas que inexoravelmente acontecerão em nossas vidas.
Para ouvir o podcast na íntegra, é só dar play abaixo!