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Vabo no TEDxYouth Cidade Jardim: O poder das People Skills no futuro do trabalho

 

 

Será que os robôs vão roubar o seu emprego? Como você pode evitar que isso aconteça?

Pra entender isso, vamos analisar primeiro como as pessoas lidam com o passado, o presente e o futuro. Será que a forma de aprendizado sempre foi a mesma?

Quando 70% da mão de obra mundial trabalhava no campo, o futuro não importava, pois era no passado que as pessoas aprendiam as técnicas, o domínio do conhecimento, as profissões, as histórias que iam de pai pra filho, era assim que o aprendizado acontecia…

Depois disso, veio a Revolução Industrial e 70% da mão de obra foi alocada na Indústria. O passado já não importava mais e sim o presente, com a entrega dos produtos, a meta, o despacho de manufaturados…

E nos dias atuais, em que a maioria da mão de obra migrou pro setor de serviços, o passado não interessa e até mesmo o presente fica obsoleto muito rápido. O que importa é o intangível, a ideia, o conhecimento, o futuro.

Mas o futuro sempre foi assustador… Vamos ver aqui alguns exemplos:

Em 1825, com o advento das linhas ferroviárias, acreditava-se que “o corpo humano não iria resistir à velocidade de 30mph”. Os empreendedores ferroviários tiveram então que enfrentar essas resistências iniciais.

Já em 1878, foi proposta a lei Red Flag nos Estados Unidos exigindo que veículos automotores tivessem pelo menos 3 tripulantes. Sabe quem propôs essa lei, adivinha? Os donos das linhas ferroviárias. Vemos isso até hoje: aquele que está sendo disruptado primeiro apela pras leis (como os táxis com Uber, ônibus com Buser, hotéis com Airbnb). A tentativa de regulação é sempre a primeira linha de defesa. Mas geralmente não funciona…

E, em 1900, uma campanha nacional nos Estados Unidos dizia: “nunca entre em um elevador automático sem operador”. É curioso observar como outras gerações de transição lidaram com o novo. Se pararmos pra pensar, os elevadores de porta pantográfica dos prédios antigos do centro do Rio, São Paulo ou BH ainda funcionam bem. Aquelas geladeiras de alavanca da GE também… As máquinas de escrever Olivetti… hoje não é mais assim… quanto tempo dura um telefone celular ou um computador atualmente? O mesmo acaba valendo pros relacionamentos humanos. Até mesmo aqueles profissionais que tinham carreiras de 30 anos em uma mesma instituição estão desaparecendo. A pessoa hoje passa 2 anos em uma mesma empresa e sente que precisa sair de lá, pois no LinkedIn vai parecer que não tem ninguém muito interessado nela, né mesmo?

Por todas essas questões, foi criado o termo VUCA pra caracterizar a realidade atual. Volatilidade quer dizer que o nosso mundo hoje muda muito o tempo todo, incerteza significa que não sabemos pra onde vai, complexidade quer dizer que está tudo interligado e ambiguidade significa que não tem certo ou errado, pois um mesmo fato pode ser interpretado de diferentes formas, dependendo do ponto de vista. E tudo isso dentro de um caldeirão digital e do advento da quarta revolução industrial. As pessoas hoje conversam mais com robôs no seu dia a dia do que com seus cônjuges! A inteligência artificial vai estar cada vez mais presente nas nossas vidas.

Mas a vida não está fácil nem pros robôs… nessa matéria vemos os robôs americanos perdendo seus empregos pros robôs chineses, nessa migração de fábrica da Adidas…

Isso nos remete ao Paradoxo de Moravec: o que é considerado difícil pelas pessoas (como algoritmos e cálculos complexos, por exemplo) passa a ser considerado fácil pras máquinas.

Enquanto aquilo que era considerado fácil pros seres humanos (como capacidades subjetivas de entender emoções e dar um “jeitinho”) são abstratas pra inteligência artificial.

Imagina um cenário em que você tem que abrir uma porta. E a maçaneta, fechadura e chave estão funcionando perfeitamente. A máquina sempre vai conseguir abrir a porta mais rápido e de forma mais eficiente do que você. Mas sabe aquela situação em que você, pra abrir uma porta, precisa puxar a maçaneta, empurrar a porta com o ombro e achar o encaixe ideal da chave na fechadura? Esse tipo de capacidade subjetiva de flexibilidade e “jeitinho” JAMAIS será substituída por uma máquina!

Considerando esse exemplo da porta, a pergunta que fica é: a Inteligência Artificial vai destruir os empregos dos humanos? O que posso dizer é que, sem dúvidas, os robôs vão trazer desafios pra nós, mas hoje, o maior assassino de empregos não é a inteligência artificial, mas sim a falta de inteligência emocional.

Uma pesquisa feita pela Michael Page, que é maior empresa de recrutamento do mundo, chegou à conclusão de que as pessoas hoje são contratadas porque possuem experiência na área, fizeram projetos relevantes, possuem formação adequada… e depois são demitidas porque não têm atitude, não trabalham bem em equipe, falta comprometimento ou não sabem lidar com a pressão… isso acontece em 91% das vezes, no Brasil !

As pessoas são contratadas porque demonstram possuir habilidades técnicas (também chamadas de hard skills), mas quando não dão certo é porque não desenvolveram suas habilidades comportamentais e socioemocionais (conhecidas como people skills).

Ou seja, infelizmente, as famílias, as escolas, as faculdades e as empresas não estão ensinando o que é mais relevante pro sucesso e a felicidade das pessoas: as people skills!

Pra melhor entender as diferenças, imagine que você tem como objetivo escalar uma montanha e chegar ao topo dela em 10 dias. Pra isso, você precisou se preparar por meses, estudou o mapa em detalhes, aprendeu a mexer muito bem na bússola, sabe a altitude máxima, planejou quantos passos por dia, treinou as técnicas de escalada, ganhou resistência física, estudou o clima, comprou roupas especiais e ferramentas…

Ou seja, você virou um expert em escalada!

Essas seriam as Hard Skills que você precisaria pro grande dia. Com isso, nada pode dar errado, né mesmo?

Engano seu! Junto com toda essa técnica, precisam entrar componentes de People Skills muito importantes, como resiliência, disciplina, determinação, pensamento crítico, comunicação, trabalho em equipe e muita, muita gestão emocional.

Afinal, mesmo com toda a preparação mais racional e cognitiva, se uma avalanche acontecer, ou sua bússola quebrar ou alguém se machucar, você precisará agir rápido. O que vai determinar o seu sucesso e, nesse caso, sua sobrevivência, vai ser como você vai lidar com a situação e como vai usar muito mais do que somente as habilidades técnicas, mas também todas suas capacidades comportamentais e socioemocionais.

Pra entender ainda melhor, imagine a mesma situação: quem você chamaria pra te acompanhar nessa jornada e passar os 10 dias de escalada ao seu lado?

Com toda certeza você não está pensando em alguém apenas com as Hard Skills mencionadas, mas com várias People Skills pra que seja mais prazeroso e suportável esse desafio.

Essa metáfora é muito análoga aos ambientes dentro das empresas. Possuir as Hard Skills é muito importante e saber “o quê” fazer é essencial, mas se o “como” não estiver alinhado e as People Skills não forem levadas em conta, suas chances de sucesso também serão menores e sua liderança poderá ser questionada.

O ideal, então, é desenvolvermos tanto as Hard Skills quanto as People Skills, de preferência, em paralelo e atribuindo a mesma importância a ambas.

Muitas pessoas conhecem as habilidades comportamentais e socioemocionais como Soft Skills…

A palavra “soft”, traduzida pro português, quer dizer suave, mole, macio… dando uma conotação de menos importante daquilo que é “hard”, traduzido como duro, rígido, difícil.

Assim como, não coincidentemente, aconteceu com a emoção que, durante muito tempo, foi muito subestimada ou suprimida, pela suposta maior relevância da razão.

Então, o comparativo de soft skills com hard skills parece desproporcional, pois as habilidades técnicas erroneamente ganham mais peso e parecem ser mais importantes e fundamentais do que as comportamentais.

Ou seja, as soft skills de “soft” não têm nada. Por isso, prefiro chamá-las de People Skills, que é um sinônimo, mas com melhor significado pro nosso cérebro e pra sua importância.

Também podemos traduzir People Skills como habilidade humanas, aquelas que farão frente às habilidades dos robôs.

Podemos categorizar as People Skills em dois grandes grupos: as Habilidades Intrapessoais (da pessoa em relação a ela mesma) e as Habilidades Interpessoais (da pessoa em relação aos outros).

As Habilidades Intrapessoais, por sua vez, podem ser divididas em duas categorias: Autoconhecimento e Autogestão. Alguns exemplos: Disciplina, Resiliência, Determinação, Humildade.

Já as Habilidades Interpessoais também podem ser divididas em duas categorias: Consciência Social e Gestão de Relacionamentos. Alguns exemplos: Liderança, Oratória, Negociação, Empatia.

Assim como relacionamos e medimos as Hard Skills com o QI (Quociente de Inteligência), as People Skills podem ser medidas pelo QE (Quociente Emocional), refletindo na gestão das emoções do indivíduo (conhecido popularmente como inteligência emocional).

Sabe-se que 58% do desempenho de um profissional hoje em dia é explicado pela sua inteligência emocional. Por isso, considero fundamental que as pessoas possam evoluir seu autoconhecimento e capacidade de adaptação, pois como dizia Alvin Toffler:

“Os analfabetos do futuro não serão mais os que não sabem ler ou escrever, mas sim aqueles que não sabem aprender o necessário, desaprender o que não precisam mais pra poder reaprender os novos conceitos relevantes!”

E a dúvida que sempre surge é: é possível treinar e desenvolver suas People Skills?

Eu recorro à pesquisadora Carol Dweck que nos traz o conceito de Mentalidade de Crescimento: se você acredita que pra aprender qualquer habilidade na vida e ter sucesso, só depende de você, você tem Mentalidade de Crescimento!

Agora, se você delega a terceiros sua capacidade de crescer e evoluir (como terceiros, considere seus pais, seus professores, seu chefe, Deus, o governo, o acaso…), você tem Mentalidade Fixa.

E de acordo com a pesquisa dela, as pessoas que possuem Mentalidade de Crescimento são mais felizes e bem-sucedidas no longo prazo!

Então, é possível sim, você desenvolver QUAISQUER People Skills, desde que você tenha vontade e busque ajuda, independentemente da sorte, do dom ou da genética que você possui.

E qual a melhor forma de desenvolvê-las? Se você tem Mentalidade de Crescimento, basta buscar livros, cursos, podcasts, palestras no TED, mentores que podem te ajudar e, principalmente, colocar em prática os aprendizados!

Pra que vocês alcancem o sucesso e a felicidade tão sonhados, desejo que vocês possam desenvolver cada vez mais seu autoconhecimento, sua adaptabilidade, sua inteligência emocional e todas as suas demais People Skills! Se você fizer isso, robô nenhum terá chance!

Muito obrigado! =)

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